Nota

[Pucón, Chile] Vilarejo

Quando fui à Pucón, essa essa era a segunda parte da primeira viagem que fiz ao Chile. Na primeira parte, passei alguns dias em Santiago com um amigo e em Pucón encontraria outra amiga que chegaria apenas ao final do dia. Por isso, desembarquei no aeroporto de Temuco sozinha e de lá segui para a cidadezinha de Pucón.

Naquele ano, a Marisa Monte havia lançado “Infinito Particular”, álbum maravilhoso que tem a música “Vilarejo”. A escolha de incluir Pucón no roteiro foi totalmente ao acaso, eu nem sabia que essa cidade existia. Na realidade, foi sugestão da agente de viagens que fechou meu pacote e que foi a primeira e única agente de viagens que usei para viajar até hoje.

Aquela era a primeira viagem internacional que eu fiz por minha conta e depois de anos. As anteriores foram de infância. Finalmente eu tinha conseguido uma folguinha de dinheiro que me permitiu ir. Por isso escolhi um destino com custo baixo mas queria que tivesse algum detalhe marcante. Sendo o Chile o país de diversidades geográficas que é, não tive dúvidas. Era inverno e eu queria uma 2a. parte bem típica. A agente sugeriu, disse que era lindo, tinha lago, era na entrada dos Andes, tem um vulcão… opa. Vulcão? Ativo? Sério? É para lá mesmo que eu quero ir. Já naquele momento algum coisa me atraia  para essa maravilha da natureza.

Após os dias em Santiago, peguei o vôo para Temuco, cidade próxima a Pucón e de onde se parte para lá. Menor aeroporto que já pisei na minha vida, ainda menor do que o de Calama (isso é outra viagem). O transfer para Pucón não é demorado, cerca de umas 2 a 3 horas (já não lembro bem) e a paisagem do caminho é fan-tás-ti-ca. A visão da Cordilheira dos Andes é algo que hipnotiza e eu estava agitadíssima porque do vôo diurno a visão dela era ainda mais incrível e… e… e… incluía a visão não de um mas de uns 5 vulcões.

Sério. Meus olhos grudaram quando os vi. Fiquei boquiaberta, maravilhada.

Pucón é um vilarejo mesmo. São cerca de 20 mil habitantes e a cidade é toda de construções baixas e no estilo bem típico assim como a vegetação. Depois do check-in saí para dar uma primeira volta e almoçar. Como estava sozinha, coloquei os fones de ouvido e qual a primeira música que toca? Vilarejo.

Até hoje quando ouço essa música eu lembro da sensação de Pucón. A sensação de vilarejo que é muito mais do que o visual de uma cidade bem pequena, é um modo de viver. As pessoas, ainda que bem reservadas, são relaxadas, suaves, parecem que se misturam no ambiente.
Como é uma cidade muito pequena mesmo, a organização de ruas principais é bem básica, no melhor formato tabuleiro de xadrez. E como estava bastante frio e um tanto chuvoso, as ruas estavam vazias. Andar por elas, ouvindo aquela música foi uma das coisas mais perfeitas e não programadas daquela viagem pois foi como se estivesse planejada para me colocar “no ritmo”.

Sobre o Vulcão. Sim, é um vulcão ativo mesmo, o mais ativo da América Latina, aliás. E o Vulcão Villarica é também muito admirado pela simetria perfeita, parece que foi esculpido (e foi, né… pela natureza).

Considerando a atividade do vulcão, cujas erupções não são tão raras, a cidade é toda sinalizada com a rota de fuga no caso de alerta vulcânico. E esse alerta fica situado da prefeitura da cidade, com  um semáforo típico que indica o risco.

Como disse, essa viagem foi organizada por uma agente que me deu a sugestão de Pucón. Realmente ela tinha razão, a região é linda e impressionante. Mas ela só esqueceu de me avisar que o mês que eu iria era mês de CHUVAS. E que lá chove mesmo! Algo do tipo: Pucón é o penico da Auracanía. :s

E, claro, estava chovendo. Nada absurdo, mas uma chuvinha chata que deixava a cidade cinza boa parte do dia e não me deixava ver o Vulcão… :…..(

Fora o Vulcão, a cidade é embelezada pelo Lago Villarica, de águas termais e bem geladas já que sua água vem direto das Cordilheiras. Em torno do Lago há a Playa Negra que leva esse nome porque É NEGRA! 🙂

Ao invés de areia, a praia é formada por um material formado por detritos vulcânicos, daí a cor. A região é cheia de casas lindas e alguns poucos hotéis grandes. A maioria dos hotéis da cidade é menor e no estilo chalé.

No verão, é a temporada alta da região que vira uma espécie de balneário. Mas eu não fui no verão, fui no inverno e na época chuvosa graças à dica da minha super agente.

Como eu faço limonada do limão, isso não impediu de aproveitar mas limitou um pouco principalmente porque naquele ano não só choveu como as temperaturas foram muito baixas e havia nevado muito nas semanas anteriores. Ou seja, vários acessos interrompidos e o jeito foi reprogramar.

Mas por um lado foi muito bom esse ritmo porque literalmente me tirou do ritmo e me despertou mais interesse sobre os costumes e hábitos do lugar.

Para mim isso são férias. Não apenas a oportunidade de fazer o que mais gostamos e que não temos o tempo que gostaríamos para fazer. Mas, sobretudo, a oportunidade de se colocar em um ambiente diferente, em um local que nos  force outra rotina e outro olhar sobretudo. Isso permite que conheçamos outros lados nossos que não precisam aparecer no dia a dia.

Trilha viajada: Vilarejo – Marisa Monte

Dicas (e memórias) de viagem que nunca são escritas…

Faz tempo que pensei em reunir minhas dicas das (poucas) viagens que fiz em um blog para facilitar quando um ou outro amigo pede.
Como estusiasta de pesquisas “viajantes” que sou, tendo a reunir diversas informações úteis e pitorescas que nem todos têm a paciência de pesquisas e avaliar.
Achei que seria bem mais simples e rápido. No final das contas, essa primeira idéia aconteceu já há 3 anos atrás e eu não consegui escrever 10% do que teria ou gostaria.

Recentemente, comecei a ler um livro da Martha Medeiros (“Um Lugar na Janela”). Esse livro só me despertou o interesse quando uma amiga do trabalho o leu e comentou.
Pensei: “não é de auto-ajuda?”. Ela: “Não”. “É com dicas de viagem?”. E, novamente, “Não”. “É sobre o que se curte em viagens”.

E comecei a ler.
De início, esperava mais. A narrativa descrevia as viagens dela de uma forma tão breve, seja nas dicas, seja nos episódios, que ficava pensando: “Ok, e aí? Me diga algo útil, Martha Medeiros.”
Algumas viagens adiante, comecei a sentir algo engraçado. Era inveja dela.
Não pelos lugares que ela visitou (muitos em comum), mas por ela ter essas pequenas incríveis lembranças reunidas.
Enquanto lia suas impressões de viagens, recordei pequenos acontecimentos das minhas e que eu já mal lembrava. Daí bateu o arrependimento por não ter fixado essas lembranças também e medo de esquecê-las em pouco tempo.
Acho que naquelas ocasiões eu pensava que apenas grandes e surpreendentes acontecimentos em viagens merecessem registro e que somente esses despertariam o interesse da leitura de alguém. Hoje eu penso que esses escritos sequer precisam ser lidos.
Pois então me peguei invejando a capacidade de Martha de narrar pequenos instantes preciosos ocorridos em suas aventuras pelo mundo e os reflexos que tiveram na vida dela como um todo.

Afinal, o que é que acontece de marcante em uma viagem? Conhecer a Torre Eiffel? Subir no prédio mais alto do mundo? A visão de um vulcão? Estar na pulsação da cidade que nunca dorme? Pisar o solo de um local construído há mais de 2000 anos?
Sim, sim… tudo isso e mais um pouco.

Estive pensando nestes dias que o que acontece de marcante no curso de uma viagem é tudo aquilo que acontece e a gente pensa numa fração de segundo “isso não teria acontecido se eu não estivesse aqui, agora”.

Essa mania que temos pelo espetaculoso… Se foi singelo e breve, nossa tendência é não registrar.
Apesar do arrependimento amargo de nunca ter escrito um diário de viagem, resolvi me dedicar a um esforço para recuperar minhas pequenas memórias de viagem e registrar. Para mim.

Talvez esse exercício me ajude a concluir, mais rápido e de forma mais organizada, a reunião de dicas que um dia me dispus a fazer. Quem sabe? Vou tentar.

(sem revisão no texto…fica para depois)

Não basta viajar, tem que compartilhar…

Aqui vão minhas dicas pessoais e também algumas colhidas (mas não experimentadas) sobre viagens.
Viva a internet!
Com um pouquinho de paciência, bom senso e interesse, a internet é um guia e tanto para dúvidas e planejamentos de viagens.
Comigo sempre dá certo e devo confessar que eu gosto muito dessa fase “pré-viagem”. É como se ela já tivesse começado, a-d-o-r-o!
Também gosto da fase “pós-viagem”, onde a gente pode passar para frente nossas experiências, dividindo com os amigos e também ajudando a tantos outros a planejarem seus roteiros.

Bem, acho que dica é algo relativo pois cada um tem suas prioridades em viagens.

As minhas são:
– mínimo de dignidade,
– segurança,
– tentar vivenciar a “vida cotidiana” do lugar,
– planejar para prevenir, mas mudar o planejamento se assim convier,
– andar, andar, andar,
– dormir em R$.

Minhas dicas não são as melhores, é claro. São apenas mais um ponto de vista no meio de tantos.
Mas, peço licença para deixar uma em especial: quando voltar de viagem, reserve um pouquinho de tempo para passar sua experiência adiante. Seja para um amigo próximo, comunidade de orkut, reviews de sites de viagens… enfim. Esse tipo de opinião compartilhada é melhor do que qualquer guia que esteja à venda.

Boa viagem!